terça-feira, 21 de agosto de 2012

Mochilão Macchu Picchu

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 O objetivo principal é poder repassar todas as experiências vividas, informar os melhores destinos  , hospedagens, trajetos,e tudo aquilo que possa favorecer para o seu mochilão ser um pouco diferente e mais emocionante do que o trivial!
Nesta postagem, minha aventura foi partir de São Paulo com destino a Machu Picchu, no Peru! Como qualquer mochilão,nem tudo saiu como o planejado ,mas o destino final ,muito bem alcançado... Enjoy Have a good trip!




 Final de tarde na capital paulista , lá   estava eu de mala pronta em direção ao metrô ,rumo ao aeroporto de Guarulhos.
Por dois meses, eu estava dando adeus a correria de São Paulo.  



O destino:Campo Grande , no Mato Grosso do Sul, porta de entrada para o meu  almejado destino ,Machu  Picchu , no Peru.



Um destino acessível e barato e muito famoso pela misticidade.
Para chegar até lá o necessário e   fundamental : Bastante espírito de aventura!
O espírito de aventura foi tão intenso   que a minha trajetória durou mais do que os dois meses planejados, e foi muito além de Macchu Picchu.
Mala pronta . Roupas para o calor do pantanal ( eu passaria por ele) , roupas para o frio da altitude dos Andes,protetor solar para o sol dos Andes (que queima sem percebermos ), documentos ,certificado de vacina contra  febre amarela(tirado em qualquer posto de saúde no Brasil), 2.000  reais no bolso, e claro, minha máquina fotografica para não perder nenhum detalhe dessa viagem ,que planejei em apenas 3 meses.
Meu roteiro estava feito e semi planejado: Após Campo Grande de avião ,até a sagrada cidade de Machu Picchu, seria por terra,de ônibus,trem ou carona.Passaria pela amazônia brasileira , pela boliviana , pelo altiplano boliviano e finalmente chegaria nas altitudes, com  picos que chegam a mais de 4 mil metros.Passado isso, era cruzar a fronteira com o Peru mais algumas horas  e ir destino a cidade sagrada , localizada um pouco acima da parte sul do país.
Da região amazônica em verde,até as altitudes elevadas na parte marrom da Mapa

Cumpri a  primeira etapa da viagem sem problemas , a de chegar a Campo Grande .Mas eu não imaginaria que a aventura fosse tão precoce, pois logo chegando no pequenino Aeroporto Internacional de Campo Grande, as onze  da noite , seria caro demais para ir à procura de um lugar para dormir,então decidi  ficar  por ali mesmo, no saguão do aeroporto, já imaginando que aquilo seria apenas o início.
Nas primeiras horas do amanhecer, peguei o busão com destino ao pantanal brasileiro, Corumbá, fronteira com a Bolívia.Foram oito horas de viagem cerca de sessenta reais a passagem
Passei duas noites na cidade.Vi o pôr do sol no rio Paraguai com o céu de cor laranja e rosa, conheci a rica história arquitetônica de Corumbá
com construções ainda do século 18,conheci pessoas locais, ouvi as primeiras histórias sobre a Bolívia vizinha e já senti no estômago a ansiedade de cruzar a fronteira para a primeira cidade em território internacional, Puerto Soares, na minha rota, a primeira cidade da Bolívia.
Pôr do sol no rio Paraguai -Corumbá


Corumbá :repleta de construções tombadas




 Nem tão depois de ter cruzado a fronteira  , num  um cartaz colado em um restaurante, as primeiras palavras em espanhol que eu pude ler foram :
 ''Denuncie qualquer suspeita de exploração sexual infantil''. 

Depois reparei que os avisos estavam colados por toda a cidade. 

 Um frio na barriga me deu  ao  pensar no  tráfego  constante e ''perigoso'' de pessoas entre as duas cidades  e os cartazes sobre exploração tão divulgados pelo governo local boliviano. 
 Por alguns instantes associei as duas coisas ao tráfico sexual .

 Outras  duas coisas que me despertaram a atenção e continuaram presente durante toda a minha viagem pela Bolivia :
 A primeira foi O suborno comum praticado pelos policiais bolivianos .É cultural.
Isso porque  a minha carteira de febre amarela não estava de acordo com os padrões internacionais (segundo os policiais) , então tive que desembolsar 50 pesos bolivianos em forma de ''propina'' como costumam dizer os próprios policiais.

 A segunda foi sobre a imensa movimentação de pessoas .Assim como Corumbá e muitas outras fronteiras , Puerto Soares não deixa de ser rota do tráfico de drogas e de outras mercadorias(em grande parte ilegais) que fazem parte do vai e vem de pessoas entre os dois territórios.

A cidade ''sinistra'' me deu  um certo receio de estar sozinho  e pensei por alguns instantes  em voltar. Tomei coragem e pensei  ''Já que cheguei até aqui...''
 Então tratei de ir logo atrás de uma  passagem para me deslocar de lá e esperar por uma Bolivia menos ''sinistra''.

Logo na primeira hora no país, percebi também  o quanto o peso boliviano é desvalorizado frente a nossa moeda. Fui de taxi de Puerto Soares até o mais  próximo município ,Quijarro,

 a cerca de 20 minutos e gastei 2 pesos bolivianos, o equivalente  0.50 reais.
*(Hoje, esses valores estão alterados,pois o real se desvalorizou frente ao dollar.Um Real brasileiro, está valendo 3.10 bolivianos)
Com relação aos táxis, eles são um pouco mais caros nas cidades grandes e a maioria são legais,diferentemente do que peguei em Puerto Quijarro,povoado pequeno e o qual se pega o trem para a cidade de Santa Cruz de La Sierra.

Almocei uma comida típica boliviana em um restaurante razoavelmente bom e gastei R$ 3,00 (cerca de 9,34 bolivianos hoje em dia ).Comi um prato de arroz,carne e banana ( tipo ''Carreteiro'' no Brasil) ,mas com bananas.

Após uma noite na cidade , fui procurar a maior atração dos viajantes s, o  temido Trem da Morte pelos estrangeiros
,ao qual comprei minha passagem por 140 pesos bolivianos para o dia seguinte.(em torno de 50 reais )
Pegando o temido e famoso Trem da Morte   na estação de Quijarro.A viagem durou  a 22 horas

De morte , não percebi muita coisa , mas o desconforto aliado ao tempo de viagem podem agregar o ''apelido '' ao meio de trasporte.
Foram 22 horas na classe semi econômica.Há ainda a classe econômica e a primeira classe.A econômica é motivo para perder o sono.Há galinhas vivas e todo tipo de odor imaginável,por isso fiquei cm a semi, não tão confortável mas bem mais tolerável.

Foi uma viagem tranquila apesar de, a cada 20 minutos, o trem parar   por problemas técnicos e  ambulantes a cada meia hora invadirem o trem vendendo todos e mais inimagináveis produtos bolivianos. Impossível era não ser acordado pelos gritos dos vendedores.
Foi através do trem da morte que fiz meus primeiros contatos, que mais pra frente ,encontraria de novo por  La Paz e MachuPicchu.Eram outros brasileiros, mineiros, gaúchos e um grupo de alemães e australianos.
Gente de todas as partes do planeta.Alguns viajando de férias, outros atravessando a América do Sul, outros viajando a mais de três anos...e por aí vai. Na foto Foto,a maioria esperando o dia seguinte para seguir rumo ao  maior lago do mundo em altitudes elevadas, o Titicaca.


 Passado o sufoco do trem da morte, cheguei a maior cidade da Bolivia, Santa Cruz de La Sierra , ainda na altitude baixa.Após mais umas 20  horas  eu estaria em La Paz.
Resolvi não parar pelas cidades para não perder tempo e  aproveitar nos destinos mais atraentes próximos da Cordilheira dos Andes. Foram horas e horas andando de ônibus e apreciando a mudança das estradas, da vegetação e do clima. Um detalhe bastante me agradou passando  na madrugada  por Cochabamba ,terceira maior cidade do país com  cerca de 500 mil habitantes: Avistei uma  estátua de um Cristo como o redentor   bem no alto de uma montanha  ,chamado pelos bolivianos de Cristo da Concórdia.Este é  considerado  a terceira maior estátua de Cristo na América do sul .Cchega a medir até 40 metros de altura.
E outro  detalhe que bastante  me desagradou (se é que foi um detalhe), foi um frango que comi na própria Cochoabamba e só comecei sentir os efeiotos maléficos quando a altitude ganhava força, faltando  aproximadamente   duas horas para  chegar  em La Paz.
* A comida deve ser uma grande preocupação para quem passa pela Bolivia e alguns lugares do Peru, principalmente para quem está num orçamento baixo.Os hábitos alimentares são desagradáveis. é bem complicado ,para quem relamente vai de mochilão, poder comer bem .não há frutas pelo caminho, nos pratos não há  saladas nem variedades.O prato principal é frango com batatas. Difícil pela minha viagem, foi encontrar algum mochileiro que não houvesse passado por algum desconforto alimentar.
Frango infectado + altitude= tô ferrado
A minha sorte foi que ,ao meu lado no trajeto até La Paz, fui acompanhado por um   amigo peruano que fiz desde o Trem da morte  e que ,além de ter me dado aulas sobre a cultura local e dicas de quais locais eu deveria  conhecer nos lugares que passaria, me orientou o que  fazer para curar aquela dor de estÔmago.
Enquanto isso, eu tentava esquecer o frango...
Finalmente cheguei  a  La Paz, sozinho novamente,  e eu me sentia nada mais nada menos do que muito mal, enjoado pela altuitude e com muita dor de estômago .Mesmo mal , pude ter  uma primeira impressão daquela bela cidade.La Paz é vibrante logo de cara ! Muito colorida e impactante. Uma verdadeira  miscigenação visual e sonora: muita buzina, céu ensolarado (com frio), as Cholas  camponêsas com seus trajes coloridos e ao fundo a visão do marrom fraco das montanhas que entornam toda cidade.
La Paz foi construída sobre colinas íngremes que fazem parte do imenso montanhoso da Cordilheira dos Andes.Lembro em um dos passeios turísticos que fiz pela região , ter visto do alto  das colinas a cidade inteirinha , como se fosse  construída dentro de um buraco.
Uma das ruelas próximas ao centro de La Paz. Ao fundo, um pedacinho das montanhas que estão por volta de toda cidade.



La Paz vista do alto.Ao fundo a geleira que é um dos cartões postais da cidade
A cidade é repleta de ladeiras







Tive boa  sorte em conseguir logo encontrar um hostal(um bom hostal)  próximo da Plaza Murillo que é o centro de referência para uma boa estadia pela cidade.Proximo a bancos,restaurantes ,  à principal rua do comércio, museus e bem acessível  para grande  parte da cidade grande.
 *Como permaneci em La Paz por cerca de um mês, concluí que apesar de boa  oferta , há uma certa carência em  bons serviços,até mesmo para acomodação.Frequentei 4 hostals diferentes e esse posso afirmar que foi o melhor de todos :
Bacoo Hostal  Calle Da Alianza 693  Café damanhã , internet, excelentes camas, um belo jardim, bar,sala de jogos ,ótimos banheiros.

 Logo deixei  minhas malas por lá e fui  à procura do que meu amigo peruano havia recomendado:  procurar as Cholas camponesas comerciantes e comprar uma erva específica. Foi mais fácil do que parecia pois elas estão aos montes pelo centro da cidade comercializando de tudo, principalmente produtos do campo... 

*O termo ¨chola¨ no inicio tinha uma conotaçao  pejorativa e se referia às mulheres nativas aimarás  que, ao se mudarem para a cidade grande, esqueciam as tradiçoes e costumes de seus atepassados e se rendiam ao estilo de vida dos mestiços urbanos. Hoje esse visual está  muito mais relacionado ao orgulho que essas mulheres tem de sua identidade indígena.é bem perceptível notal uma Chola pelas ruas da Bolívia. Usam trajes longos e coloridos, são mestiças e geralmente falam a língua Aymara e Quechua.
Chola bordando  em uma das principais ruas do comércio de La Paz.


Tomei  o chá e adormeci no Hostal. Acordei bem do estômago ,mas ainda sentia um enorme desconforto por conta da altitude, o famoso Soroche...
* O Soroche é um termo usual na Bolivia, Peru e Equador  que tem a ver com o mal estar  provocado pela altitude. O melhor remédio para evitá lo é o chá de folha da Coca. Liberado em toda a Bolívia,  é aconselhável (para os que vão de mochilão   já ir tomando o chá desde a entrada no país, ainda nas  altitudes baixas!
Na minha segunda noite em La Paz pensei que  a diversão começaria na primeira noitada dentro da cidade  . Pois bem, resolvi tomar uma cervejinha boliviana, a primeira!!!
Não deu outra, passei mal de novo, Soroche + Bebida na segunda  noite = não combinam .
Passei vários dias em La Paz,fiz vários passeios interessantes.Fui as ruínas de Tiahuanaco, ao Vale do Sol , fui ao museu Nacional, museu dos povos antigos, conheci o gigantesco lago Titicaca, a Ilha do Sol, Ilha da Lua e muitos outros lugares.
Parte dos resquícios deixado por civilizações antigas em uma das ruínas da Ilha do Sol

Ao fundo o maior lago em altitudes elevadas do mundo, o Titicaca ,que mais parece um oceano.
.
Mas entre todos , o passeio que mais me interessou foi o de Mountain Bike Foi por um  percurso de mais de 7 horas na  bicicleta  iniciado em um dos pontos mais alto da Cordilheira dos  Andes , a cerca de 4700 metros. Só de descida, foram 4 horas quase ininterruptas.
Primeiros minutos de descida quando parei para fotografar meus companheiros.
 Depois de algumas horas descendo pelas montanhas geladas , na alta altitude, aos poucos íamos chegando a uma Mata tropical  e as imensas plantações de Coca. Um visual espetacular durante todo o passeio,além de uma adrenalina impossível de esquecer.
Resumindo, partimos do cume da montanha de pedra gelada e de clima seco e chegamos ao destino quente e tropical , na cidade de Coroico, já no nível do mar.
Uma hora após a partida do topo , a mais de 4 mil metros


Companheiros de descida.


Conforme as montanhas geladas ficavam para trás,cada vez mais o clima tropical ganhava força .Na foto, imensas  plantações de Coca.


Estrada de terra , algumas horas antes de chegar ao nível do mar.

.Um passeio  sem palavras , que me deu mais combustível de  adrenalina para seguir rumo ao meu destino já não tão longe dali.
Partindo de La Paz, peguei um ônibus direto para Cusco,no Peru. Se não me engano foram mais 12 horas de viagem.
Cusco é incrível! conhecida  como  ''Umbigo do mundo'', nome dado  pelos antecessores habitantes , os povos Incas, a cidade tem bons museus(incluindo o Museu Inca) , igrejas do período colonial espanhol, e tudo aquilo que eu não imaginaria encontrar e que me fez permanecer ali por mais tempo que o programado: Uma boa noitada!

Cuzco  concentra todos os povos do mundo em um pequeno espaço.É reduto  de encontro de todas as cultura possíveis na face da terra: Europeus, Asiáticos,Americanos...e muitos brasileiros.
 Ao redor da principal parte da cidade (a Plaza de Aramas) há uma infinidade de casas noturas, todas dedicadas ao grande contingente de turistas do mundo todo ,mas o que mais me surpreendeu foi o tratamento que davam aos brasileiros. A  frase que ouvi por um recepcionista do hostal onde eu me hospedava : Ahh, você é brasileiro, então entra e não paga nada, e ganha uma Cuba!''
Uma das Igrejas de Cusco construídas durante a colonização espanhola.

Plaza De Armas.
As culturas  se misturam pelas tardes de sol na Plaza de Armas

                                              Em Cuzco me passei  os dias em um Hostal chamado  The Point. Bem parecido com as características do hostal que já citei em La Paz pelo menos fisicamente pois as pessoas que o frequentavam enquanto estive por lá me faziam pensar estar  participando do filme American Pie. Mas a essa altura eu já estava  começando a me cansar de toda aquela rotina de procurar e escolher um ótimo lugar para me hospedar ,então fiquei nele mesmo.
O melhor lugar de Cusco para curtir a noite ,foi um lugar chamado Roots. Era mais escondido do que as casas noturnas  tradicionais, e com a programação bem variada durante a semana, mas as quartas feiras(Miércoles) , o reggae dava início a noite ,que depois terminava com excelentes Djs de Acid  techno .
Passado a minha euforia pela noite frenética de Cusco e ter liquidado  boa parte das minhas economias, já era hora de seguir rumo a Machu Picchu.
As opções eram poucas e as acessíveis ,extremamente caras para o meu bolso...
*Cuzco é uma  das cidades que  mais gera renda através do turismo em toda América do Sul , portanto, é fácil imaginar que o governo local quer é ganhar  dinheiro com isso. Etão por que gastar pouco? O estimulo é   que o  turista gaste mais e opte por ir a Machu Picchu da forma mais cara,sem ''chorar'' e sem ter fácil acesso a outras opções . Por isso ir de ônibus até lá, é tão difícil quanto  encontrar  informações a respeito de como fazer isso.Até no centro de informações turísticas  foi complicado saber ao certos quais eram os horários de partida dos ônibus.
Arrisquei o   horário informado para pegar o último ônibus da noite! Chegando no local, por volta de umas 22:00 ,e que nada tinha de semelhante à  uma rodoviária, o ônibus não apareceu.
Sem dinheiro  ,seria péssimo gastar mais um dia de hospedagem  em Cuzco.
Foi então que tive a sorte de avistar  um caminhão de camponeses peruanos  que iria até uma cidade próxima a Águas Calintes , município de acesso a Macchu Picchu.E era 4 vezes mais barato do que a passagem de ônibus. Não pensei duas vezes antes de embarcar.
Cheguei a pensar que não pudesse ter feito um bom negócio . Passaria  pelo menos 8 horas na caçamba de uma caminhão  respirando o mal cheiro dos cobertores (que tive a sorte de amigos peruanos terem jogado em cima de mim por caridade). Eu estava totalmente desprevenido com apenas uma calça de moletom ,um casaco e uma blusa malha fina.Tive a sorte de ter companheiros caridosos com relação ao cobertor, pois se não fosse por isso talvez eu tivesse tido grandes problemas.
Caçamba dura ,mal cheiro ,desconforto à parte, lá estava eu sem pensar que uma calça de moletom ,uma jaqueta e um pouco de cobertor poderiam aliviar o frio das montanhas dos Andes... Mas de certa forma, eu também não poderia ter  imaginado  que o percurso de caminhão seria feito em  estreitas estradas de terra beirando as geleiras da Cordilheira. Confesso que mesmo apesar do desconforto , os cobertores doados a mim foram como uma luz no fim do túnel. Eu nunca havia passado tanto frio em toda minha vida.
Ao mesmo tempo,também nunca havia sentido nem visto,deitado em uma caçamba, algo tão maravilhoso olhando para o alto .Era o céu preenchido de estrelas e as montanhas cheias de gelo no meio da noite.Isso me deu  a sensação de estar há milhares de anos atrás.
Eis o dia que mais passei frio na minha vida.Valeu a pena!
Passado os noite e as montanhas geladas, o caminhão foi descendo a altitude e lá estava eu mais uma vez cercado por uma mata de clima tropical. Estava amanhecendo ,bastante calor e começou a chover.
Aquilo me deu uma sensação de liberdade.Lembrei do Brasil , do clima tropical e da Amazônia.( Foi nesse caminhão que começou a minha ideia de conhecer a Amazônia  e ir  a Manuas, onde eu moraria por dois anos um ano mais tarde).
Após horas passando frio, finalmente o clima tropical.
Mais um ônibus e uma van  tive que pegar para chegar na estação de trem. De lá ,foram mais algumas horas de caminhada pela linha do trem   para finalmente chegar a Águas Calientes.

Penúltima grande caminhada antes de chegar a Macchu Picchu
 Eu não via a hora de encontrar um hostal para descansar . A essa hora , cansado , eu tive a sorte de estar acompanhado por um  dos amigos de mochilão( aqueles que aparecem e ficam por  até 3 dias e depois corremos o risco de não nos ver nunca mais). Era o Patric, um francês da minha idade que ''muito mais'' do que me incentivou a descansar durante o dia e conhecer Águas Caleintes  pela noite ,para no outro dia seguir  rumo as ruínas de Machu Pichu.
Acordei cansado , desgastado  mas ansioso para seguir andando.
Pouco mais  de duas horas de subida,  lá estava eu no destino tão esperado , Machu Picchu.
Aí foi desfrutar da bela paisagem ,conhecer a história e transcender no tempo.Depois de uma viagem cansativa e aventureira ,mas que com todas as letras
eu posso dizer : VALEU MUITO A PENA!!!
Eu,explorando cada parte das ruínas

Alguns espiritualistas  dizem  que ir a Macchu Picchu  nos traz uma mudança profunda com relação a nossa existência. Coincidência ou não, a minha veio de uma forma inusitada e inesquecível.Foi da seguinte forma:
Depois de Machu Picchu , voltei para Cusco     determinado a  pensar de que forma eu chegaria a Manaus.Não visualizei no mapa nenhuma rodovia que tornasse o caminho mais ''fácil''. Eu não fazia ideia de como atravessaria parte do território amazônico e chegaria em Manaus . Isso me trouxe um pouco de insegurança e dúvidas se realmente deveria ir ou voltar para São Paulo.
Foi aí que , no dia da minha partida , fui tomar café da manhã no  hostal(o mesmo,  The Point...)  e percebi ao meu lado um grupo de pessoas falando português.
A minha intuição fez com que eu fosse puxar conversa com duas  garotas desse grupo, e  ao perguntar de onde elas eram e para onde  estavam  indo  , elas responderam tudo aquilo que eu jamais esperava : 
 Somos de Manaus e estamos indo embora para lá !!!
Ironia do destino, pois hoje tenho laços eternos com Manaus e as pessoas que conheci por lá . . . 
 Foram mais  alguns longos dias de ônibus, quatro dias de barco e muito mais aventura... mas essa ficará para o próximo capítulo!
Momento em que finalmente eu e meus amigos de Manaus  atravessávamos a fronteira  para  chegar ao Brasil.Não víamos a hora!!! A primeira coisa que desesperadamente fomos fazer foi comer um prato de arroz ,feijão,salada e churrasco.

Como chegar:


-Partindo de São Paulo  há ônibus  do Terminal  da Barra Funda direto para Corumbá.A passagem está em torno de 150 reais.é possível encontrar passagens de avião até Campo Grande por um valor inferior.De Campo Grande até Corumbá , a passagem de ônibus está em torno de 40 reais.


-Para quem deseja se aventurar menos, há vôos partindo de Guarulhos para Santa Cruz de La Sierra(Gol,Tam,Aerolineas Argentinas) , La Paz (Gol,Tam,Avianca,Taca)


O que levar:

- Roupas de Frio para as regiões de altitude

-Roupas de calor para as regiões baixas

-Protetor solar

-Guias e todos os tipos de informações possíveis

-Rg ou passaporte( Nos países do Mercosul não é necessário passaporte)


- Carteira Internacional emitida no Brasil de vacina contra Febre Amarela


- Em  Machu Picchu , por mais mochileiro e econômico que você possa ser  durante a  viagem , não há duvidas de que é sempre bom guardar  um dinheiro extra e contratar um  guia durante a visita às ruínas.Os guias locais são a mais completa fonte de conhecimento sobre a história do lugar  e sua veracidade que possa existir.


O que comer:

1-Escolha com muito cuidado os restaurantes e procure saber se servem algum tipo de salada.

2-Mesmo assim fique atento,pois os hábitos alimentares(principalmente na Bolívia são realemnte precários)

3-Não há como fugir muito das redes de fast  foods. Os mais tradicionais são de pollo com papas(frango com batatas) e o Burger King que encontra em grandes cidades como Santa Cruz de La Sierra e La Paz.

4-Escolha sempre um hostal com cozinha.Assim terá a opção de cozinhar nele e escolher alimentos mais saudáveis. Mas aviso, em praticamente toda a Bolívia é difícil  encontrar saladas e legumes nos mercados.Eu só encontrei em Copacabana onde os produtores rurais estão mais presentes..Em La Paz encontrei no super mercado do centro(ele é na rua) tomates ovos e queijos




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